segunda-feira, 25 de julho de 2011

É uma pena.

                                           Dr. Paulo Lima*
            Fiquei deveras impressionado, e triste, quando vi pela tevê a notícia da morte da cantora inglesa Amy Winehouse, neste sábado.
            Não é tão somente porque ela foi uma das maiores expressões da  chamada “música pop” da Europa nestes últimos tempos, apesar de sua pouca idade. Não. Não era pelo seu talento como compositora e dona daquela voz única, impressionante, a qual, merecidamente, já estava sendo denominada a “diva do novo soul”.
             O que mais me impressionou é o fato de uma menina com apenas vinte e sete anos, entregar a sua vida ao vício, à droga, deixando para trás fama e riqueza. 
            Talvez diga você, que me lê, que esta realidade vivenciamos todos os dias, quando nos deparamos nas ruas de nossa cidade (Recife é um exemplo bem claro do que estou dizendo),jovens perambulando feito zumbis, dominados pelo vício, não raras vezes com uma garrafa de refrigerante presa às narinas, cheirando cola de sapateiro. E quando conseguem tomar à força a bolsa de uma senhora idosa e encontram algum dinheiro logo correm para comprar uma pedra de Crak. 
              Sei que já estamos nos tornando insensíveis à essa realidade e somente nos damos conta de quanto ela é cruel quando lemos pelos jornais e vemos pela televisão a notícia da morte de uma cantora famosa a exemplo de Amy Winehouse.  Não se tem certeza ainda de que sua morte foi decorrente do consumo de drogas, pois o resultado da necropsia ainda não foi divulgado. Entretanto, li agora há pouco nos jornais que sua mãe teria visitado a cantora na sexta-feira e a teria visto totalmente fora de controle a ponto daquela pobre mãe ter previsto a sua morte breve. Realmente é uma pena.
               E daí, pergunto: o que estamos fazendo nós acerca dessa terrível realidade que a cada dia de passa se aproxima mais de nós? Sim, porque a responsabilidade não é somente dos poderes públicos, apesar de lhes caber a maior parte dela. Assim diz a nossa vigente Constituição Federal, no capítulo destinado à família, à criança, ao adolescente e ao idoso, mais precisamente ao artigo 227, que é dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à educação, colocando-os a salvo de toda à forma de violência (o consumo de drogas é uma das maiores violências contra os nossos jovens) e crueldade. 
               De minha parte, sempre que posso estou alertando para este flagelo. Alguns de vocês certamente já me ouviram falar a respeito, através dos microfones das emissoras locais, quando alerto que alguma coisa urgente precisa ser feita e, a primeira delas, seria através de uma conscientização massiva de nossos jovens nas salas de aula. A educação, sabemos nós, produz milagres. Mas, infelizmente, quase nada tem sido feito neste sentido.
               É uma pena. E não precisamos ir longe. Aqui na nossa região do Agreste temos visto o crescente da escalada de violência e o aumento do número de mortes de nossas crianças e adolescentes, com uma estreita relação com o consumo de drogas. Caruaru, Surubim, Santa Cruz do Capibaribe e mesmo aqui no nosso distrito de Pão de açúcar, na nossa Taquaritinga, vivenciamos exemplos desta natureza. É uma pena, repito. E pouco ou quase nada tem sido feito por parte de nossas autoridades.
               Espero, sinceramente, que a morte de Amy Winehouse, sirva de mais um alerta para este flagelo. Vamos torcer para que este estado de coisas comece a mudar.
                Um abraço a todos.
          
              *PAULO ROBERTO DE LIMA  é  graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente exerce o cargo de  Procurador  Federal.

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