quarta-feira, 27 de julho de 2011

Quem cala, consente.

          A violência vem tomando conta do nosso distrito, Pão de Açúcar tem sido manchada por atos de selvageria e desrespeito, a insegurança tem se tornado algo tão comum que não mais nos surpreendemos com nada, nosso quadro se assemelha, nesse aspecto, ao de grandes centros urbanos, porém ainda somos uma pequena comunidade do interior que tem copiado, infelizmente, somente as mazelas sociais que há muito tempo assolam os centros mais adiantados do nosso país.
          Nesse ano, já assistimos a uma onda de assassinatos sem precedentes em nossa terra, viramos notícia em todo o estado, passamos a ser vistos com desconfiança - no que diz respeito à segurança pública - por pessoas de outros lugares, nosso distrito tem assumido uma fama que já pertenceu, em outros tempos, a São Domingos de Brejo da madre de Deus, aqui tem se tornado terra sem lei, delinquentes sabem que nossa localidade é um local favorável a práticas criminosas, onde a grande maioria de pessoastrabalham, tem uma certa condição financeira e onde praticamente não há prevenção e repressão ao crime.
         Vale perguntar qual a modalidadecriminosa que ainda não aconteceu em Pão de Açúcar? Muitas, poderão me responder, todavia, os tipos criminais mais conhecidos ( a exemplo de roubo, furto tráfico, homicídio...) estão a cada dia mais comuns entre nós; naturalmente surge uma outra indagação: o que temos feito para combater a criminalidade? Muito pouco, podemos concluir, sendo que muitos dirão que esse combate é obrigação do Estado, no que estarão parcialmente corretos.
        Nossa lei maior - Constituição Federal - preceitua que segurança pública é dever do Estado e que é direito e responsabilidade de todos ( artigo 144, caput, da Contituição Federal), nesse quadro, pergunto: dos assaltos e furtos ocorridos em Pão de Açúcar nos últimos tempos quantos foram denunciados? Dos que foram denunciados quantas vítimas procuraram saber o andamento dado a sua denúncia? Quantas vezes nos reunimos, sem fanatismo político, para cobrar ações mais eficazes das autoridades de segurança e reinvindicamos junto aos políticos que elegemos uma postura de cobrança junto às esferas superiores do Executivo estadual.
         Os mais incrédulos dirão que não adianta registrar boletim ocorrência pois seus bens não serão recuperados e o criminoso não será identificado, se for identificado não será preso,  se for preso não ficará muito tempo na cadeia e em parte sou obrigado a concordar com esse argumento, porém me ponho a pensar, qual é a saída? Desistir de tudo, concluir que não tem mais jeito?
           Caros amigos, quando adoecemos, normalmente, seja qual for a doença, sempre nos preocupamos em procurar um médico para que seja feita uma avaliação e que seja indicado o tratamento mais adequado, o qual, geralmente, sempre seguimos, uma vez que queremos recobrar a saúde ou temos mais algum tempo de vida- nos casos mais graves; mesmo nas doenças mais graves, a exemplo do câncer e da aids, vemos seus portadores lutando com unhas e dentes em busca de qualidade de vida e cura, então porque desanimarmos diante da violência?
            Do mesmo modo que o médico tem que ser acionado quanto ao mal estar que possamos estar sentindo, assim também são as autoridades de segurança, não existe mágica, não dá pra adivinhar quando ocorre o crime, qual tipo de crime e quem foi seu autor, assim concluo que o primeiro passo da solução do problema é registrar todos os crimes que ocorrem na comunidade; por outro lado, nossos representantes, ainda que tivessem interesse, não tem como cobrar do Governo do Estado um posto da polícia militar ou uma delegacia para um lugar que oficialmente (nos bancos de dados) não há violência, já que nada é registrado. Quanto à questão da impunidade esta é, sem dúvidas, quiçá, a mais grave a ser enfrentada, é um verdadeiro câncer social, para qual só dispomos de um remédio, nosso voto; somos nós que elegemos as pessoas que fazem as leis nesse país, assim, indiretamente tudo passa por nós, não esqueçamos: "quem cala, consente". Atitude Pão de Açúcar.

            * Jucelino Tavares Ferreira, bacharel em direito pela Associação Caruaruense de Ensino Superior, Especialista/pós graduado em Segurança Pública e Cidadania pelo convênio ASCES/Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública -RENAESP (SENASP/Ministério da Justiça), atualmente Agente da Polícia Civil de Pernambuco.


       obs: gostariamos de nos descupalr com Jucelino, pois estavamos com problemas em nossa caixa de e-mail, o que nos imposibilitou de publicar de imediato esta nota, agradecemos a participação do mesmo, e deixamos os espaços abertos não só para Jucelino como para qualquer cidadão do município.        

Um comentário:

Anônimo disse...

só faltou Juscelino dizer o percentual de casos resolvidos, só faltou ele relatar, quantos cidadões deixaram de fazer o registro de queixa quando a delegacia se encontra fechada, só faltou ele relatar, a confiabilidade na policia judiciaria, só faltou ele dizer que na visão de morador e cidadão deste distrito, esta de forma clara e capitalizadora de um sistema, de que, quem pode mais financeiramente recebe mais meritos, reconhecimento, e consequentemente mais beneficios