Após algumas reuniões e contribuição de muitos, até que enfim o prédio destinado ao posto policial Paz nas Estradas, às margens da PE 160, em Pão de Açúcar, foi inaugurado, concretizando parte de um sonho; o padre Erandir tem o mérito de ter encabeçado o movimento pró segurança aqui no distrito, trazendo à baila uma questão que sempre esteve presente dentre as nossas maiores necessidades, todavia, costumeiramente foi relegada a segundo plano, sendo lembrada apenas esporadicamente.
O plano de segurança para nossa comunidade traz alguns aspectos factíveis e outros que se apresentam distantes da nossa realidade, além de trazer uma série de interrogações ainda sem respostas, vejamos alguns.
Não dá para discordar que a reforma e ampliação do posto policial dará melhores condições de trabalho aos policiais e possibilitará um atendimento com mais qualidade aos cidadãos, no entanto, não se pode deixar de perceber que o prédio se encontra quase fora de nossa área urbana, às margens da PE 160, com efetivo composto por policiais sem nenhuma vinculação com as demandas da comunidade, já que são lotados em outras unidades policiais, ou seja, temos um posto policial “sem efetivo”, o que poderíamos comparar a uma escola sem professor ou uma unidade de saúde sem médico. É bem verdade que se a promessa de termos uma viatura (em condições reais de uso) e três policiais diariamente para atender exclusivamente a comunidade for cumprida, já melhorará consideravelmente, mas cabe perguntar: até quando?
Sabemos que a própria operação Paz nas Estradas não tem um efetivo vinculado a ela, sendo que a cada mês todos os policiais que ali prestam serviço são permutados; infelizmente, tomando como referência a eficácia e os últimos acontecimentos na comunidade, assim como em outros pontos desta operação – a exemplo de Caruaru – somos levados a questionar o modelo aplicado no que diz respeito a nossa realidade. Em verdade essa operação contribui de maneira relevante na segurança de quem transita pelas estradas, mas deixa a desejar quando se observa o quadro atual do distrito, nisso não se pode concluir que estejamos querendo macular o trabalho da Briosa Polícia Militar, mas considerar que a Operação Paz nas Estradas não foi criada para segurança de comunidades como a nossa, sem esquecer que, salvo engano, não se tem garantia alguma de quanto tempo durará esse modelo de operação, sobretudo aqui. Nossa maior vitória, nesse contexto, será um efetivo lotado no distrito.
Participei de duas reuniões das várias que foram realizadas sobre este tema, em uma delas, na casa do empresário Robélio – próximo ao posto policial, onde estavam presentes várias autoridades, empresários, cidadãos e a imprensa local, foi apresentado um orçamento de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) referente a um sistema de monitoramento por câmeras que se pensou implantar na comunidade, outra questão proposta foi à instalação de um disque denúncia local que atendesse exclusivamente nosso distrito.
Considero totalmente fora de nossa realidade a ideia dos sistema de câmeras, assim como acho difícil a implantação efetiva de um disque denúncia, no primeiro caso o óbice é o valor a ser investido, a manutenção e a gestão desse sistema, no segundo devemos considerar que já existe um disque denúncia (atende pelos números 3719 4545 ou 181) que abrange a região agreste e que seria necessário mais investimento para termos um aqui, a exemplo de pessoas preparadas para fazer funcionar esse sistema e que teriam que ser remuneradas por seu serviço, gerando despesas mensais.
Sugestionei, e não senti que a minha ideia tenha encontrado campo fértil para ser acatada, que deveríamos optar por um sistema que não fosse muito caro, que fosse de fácil gestão e que os próprios policiais do bloqueio pudessem fazê-lo funcionar; entendo como muito mais viável a implantação de uma linha telefônica, associada a um rádio comunicador em funcionamento no próprio prédio paz nas estradas e outro rádio na viatura que venha a servir nossa comunidade, de maneira que as pessoas de qualquer ponto da comunidade ligassem para o posto policial e este, por sua vez, acionaria a viatura no sentido de atender as solicitações feitas pela comunidade. Obviamente que deveria haver ampla divulgação do número de telefone colocado a disposição da comunidade e que deveria haver atendimento eficaz e rápido das solicitações por parte dos policiais, o que geraria confiança da população no sistema e, por consequência, sensação de segurança para todos os cidadãos.
Na verdade o suposto plano de segurança para Pão de Açúcar encontra-se em construção, não dispomos ainda daquilo que temos direito, mas estamos dando os primeiros passos, é claro que nossa segurança não pode esperar a vontade dos nossos políticos, já que estes – em sua grande maioria – só agem mediante interesses próprios e sob pressão. Diante da inércia que tem caracterizado a mobilização da sociedade civil local e da falta de interesse de nossos políticos, devemos considerar: “até que enfim, foi dado o primeiro passo”.
* Jucelino Tavares Ferreira, Bacharel em Direito pela Associação Caruaruense de Ensino Superior, Especialista/pós-graduado em Segurança Pública e Cidadania pelo convênio ASCES/Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública – RENAESP (SENASP/Ministério da Justiça).
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