PÉROLAS DA POLÍTICA.

                                           Dr. Paulo Lima*
          Resolvi dar um nome sugestivo a este artigo para mostrar como é feita a política em nosso País. Não que seja diferente nos demais países. A mim não importa. Gostaria que a nossa política fosse diferente. Que fosse feita a partir de boas intenções e com homens de bem. Infelizmente não é isto que ocorre. Não que não tenhamos homens de bem no cenário político nacional. Temos e muitos. Entretanto os fatos cotidianos estão sempre a me impelir para o descrédito.
           E são muitos os exemplos. 
           A este respeito vejam que a Veja (desculpem o trocadilho) trouxe, neste sábado, mais uma reportagem sobre o Dirceu  (aquele que está sendo processado pelo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL como chefe da quadrilha que assaltou os cofres públicos no  famoso “escândalo do mensalão”) com o sugestivo título “O Poderoso Chefão”.
           Na reportagem, mais uma vez se acusa o indigitado político de tentar, a todo custo, continuar dando as ordens no Palácio do Planalto, traficando influência, como fazia claramente no Governo do Presidente Lula e agora, às sombras, para tanto usando um apartamento de hotel em Brasília alugado por terceiros. Dirceu, como sabem, permanece com os seus direitos políticos cassados, mas segue fazendo política e outras coisas menos republicanas.
            Porém, diriam vocês que me lêem, que isto não é nada demais porque aqui mesmo tem político cassado que continua exercendo cargo público para fazer o que mais gosta, política.
            Talvez esteja você, que me lê, indagando: o que é que isso tem a ver com o título acima? E respondo, muito. Sabem vocês de como se origina a perola? Da sujeira. Melhor explicando, para se livrar de um corpo estranho introduzido no seu ventre, a ostra fabrica a pérola a partir de sua lágrima, envolvendo-o com uma espécie de membrana que vai se solidificando e, com o passar dos tempos, torna-se esse belo adorno feminino. Corrijo. Tem homens que já usam brinco de pérola.
           A política é mais ou menos assim. No mais das vezes é feita com sujeira, entretanto, nunca produz pérolas, no bom sentido.
           E por falar em sujeira, vocês viram  que “pérola”  foi dita pelo vice-líder do Governo do Maranhão para justificar o uso do helicóptero do governo daquele Estado pelo Presidente do Senado, JOSÉ SARNEY, pai da governadora Roseana Sarney?
           “Ora, senhores, queriam que o Presidente do Senado fosse de jumento?”
            Ele bem que merecia. Quem não merecia esta sujeira em suas costas era o nosso jumento, animal sagrado, já dizia o grande “Lula Gonzaga”.
             Mas, é assim mesmo, é deste modo que a nossa política é feita.
             Aliás, aqui bem pertinho de nós ainda existem muitos políticos (até políticos cassados), usando carros oficiais e utilizando-se de outras benesses da Prefeitura para fazer política, inclusive nos finais de semana, numa mistura pecaminosa do bem público com os interesses privados. Isto não é certo, se bem que alguns “caras de pau”  se atrevem a justificar tais fatos, dizendo não ser nada demais, como se fosse honesto, correto, agir desta maneira. A verdade é que deveria haver uma lei proibindo o exercício de cargo público por político que tivesse os direitos políticos cassados.
             Realmente, para mim é um pouco demais.
             Um abraço a todos.

              *PAULO ROBERTO DE LIMA  é  graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente exerce o cargo de  Procurador  Federal.